Anvisa Suspende Implantes Hormonais Após Relatos de Riscos à Saúde

Anvisa e Implantes Hormonais

Debate sobre Implantes

Nos últimos dois meses, um sistema de notificação desenvolvido por entidades médicas registrou 257 casos de problemas de saúde associados ao uso de hormônios. Desses, quase metade dos casos envolviam implantes hormonais, que são dispositivos inseridos sob a pele para liberar substâncias no organismo. As sociedades médicas estão preocupadas com os riscos associados a esses tratamentos e solicitam que a Anvisa proíba a manipulação de implantes hormonais em farmácias.

O “Chip da Beleza”

O chamado “chip da beleza” tem sido promovido com promessas de emagrecimento, aumento de disposição e energia. No entanto, muitos pacientes, como a dentista Priscila Moreira, relataram efeitos colaterais significativos. Priscila experimentou queda de cabelo, crescimento excessivo de pelos, acne, ganho de peso e depressão. Em quatro meses, ela ganhou 10 quilos e não sentiu a disposição prometida, mesmo tomando medicação.

Impacto na Saúde

Clayton Macedo, presidente do Departamento de Endocrinologia do Esporte e Exercício da Sociedade Brasileira de Endocrinologia, aponta que o uso de implantes hormonais pode resultar em hipertensão, alterações nos níveis de colesterol e triglicerídeos, bem como complicações cardiovasculares prematuras, como infartos ou embolias em indivíduos entre 40 e 50 anos. Houve até casos de AVC relatados.

Regulação pela Anvisa

Em outubro, a Anvisa proibiu o uso e a venda de implantes hormonais. No entanto, em novembro, a produção foi autorizada nas farmácias de manipulação, apenas para terapia de reposição hormonal. O uso para fins estéticos, esportivos ou de ganho de massa muscular continua proibido. Médicos podem prescrever os implantes, mas devem informar o Código Internacional de Doenças (CID) e entregar um documento ao paciente sobre os efeitos colaterais e a falta de avaliação de segurança pela Anvisa.

Medidas de Fiscalização

A partir de agora, a prescrição de implantes hormonais requer receita de controle especial, e a notificação de efeitos colaterais tornou-se obrigatória. No entanto, as 36 sociedades médicas que solicitaram a proibição dos implantes acreditam que essas medidas são insuficientes. Clayton alerta que é necessário um sistema de fiscalização robusto, pois a população está exposta a efeitos adversos, caracterizando um problema de saúde pública.

Alternativas à Terapia

Alexandra Mesquista, do Departamento de Cardiologia da Mulher da Sociedade Brasileira de Cardiologia, recomenda que a reposição hormonal, indicada para mulheres na menopausa, seja realizada por via oral ou adesivos, em vez de implantes, que não têm estudos comprovando sua eficácia e segurança. A Anvisa afirma que as novas medidas permitirão melhor controle da prescrição e manipulação dos implantes e que cabe aos conselhos de medicina e farmácia fiscalizar esses profissionais.

Com as preocupações crescentes sobre os efeitos adversos e a falta de regulamentação adequada, a discussão sobre a segurança e eficácia dos implantes hormonais continua em destaque no Brasil.

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