Turismo de Guerra na Ucrânia Novo Fenômeno Atrai Turistas Ocidentais

Turismo de Guerra na Ucrânia

Turismo de Guerra na Ucrânia: O Novo Fenômeno

Apesar de governos de países como Canadá e França desaconselharem as viagens à Ucrânia devido ao conflito em curso, o país atrai um número crescente de turistas ocidentais interessados no chamado “turismo de guerra”. Esta tendência, no entanto, levanta questões morais e éticas significativas. Enquanto a Rússia continua a bombardear Kiev com mísseis e drones, esses turistas buscam emoções fortes em um cenário de guerra.

Antes do Conflito

Antes da invasão russa, a Ucrânia era um destino popular para turistas que procuravam novas experiências na Europa. A capital, Kiev, era conhecida por seu dinamismo, cassinos, lojas de luxo e edifícios históricos e religiosos. Além disso, as praias, florestas e montanhas do país também atraíam visitantes. Entretanto, a guerra mudou drasticamente o perfil dos turistas que agora chegam à Ucrânia.

Viagem em Meio ao Conflito

O site de turismo Visit Ukraine informa que, apesar da lei marcial e da suspensão do tráfego aéreo, estrangeiros ainda podem entrar e sair da Ucrânia por terra, desde que sigam certas regras. Estas incluem ter um passaporte válido, em alguns casos um visto, e um seguro de saúde abrangente que cubra riscos militares. Uma vez no país, os turistas devem respeitar o toque de recolher, estar atentos aos alarmes de ataques aéreos e evitar multidões.

Impacto no Turismo

O conflito causou um impacto devastador no setor turístico da Ucrânia. Um estudo da Unesco publicado em meados deste ano estimou os danos à cultura e ao turismo em US$ 3,5 bilhões. Para se adaptar, agências locais oferecem passeios chamados Donation Tours, que incluem visitas a áreas destruídas pela guerra e contribuem com parte da renda para organizações humanitárias.

Experiência Pessoal

O espanhol Alberto Blasco Ventas, de 23 anos, visitou a Ucrânia em busca de emoções fortes. Ele documentou sua viagem para seu canal no YouTube, que conta com 115.000 assinantes. Blasco, que se descreve como um “influencer”, visitou locais como a ponte de Irpin e um cemitério de veículos queimados em Borodianka, gravando cada etapa da viagem. Para aqueles que consideram sua viagem imoral, ele afirma que sua visita é feita “com respeito”.

Excursões ao Front

Algumas excursões turísticas se aproximam da linha de frente do conflito, oferecendo visitas de vários dias ao sul da Ucrânia por preços que chegam a € 3.300 (R$ 20.942). O americano Nick Tan, que trabalha em uma empresa de tecnologia em Nova York, também visitou áreas próximas à linha de frente, buscando uma experiência mais intensa.

Questões Éticas

O turismo de guerra na Ucrânia levanta questões éticas significativas. Mikhailina Skorik-Shkarivska, vereadora de Irpin, afirma que alguns moradores consideram a renda gerada por esse tipo de turismo como “dinheiro manchado de sangue”. Mariana Oleskiv, diretora da Agência Nacional de Desenvolvimento Turístico, reconhece os desafios éticos, mas vê potencial de crescimento no mercado. Em 2022, a Ucrânia recebeu quatro milhões de visitantes estrangeiros, o dobro de 2021, embora a maioria tenha sido por motivos de negócios.

Preparação para o Futuro

A Ucrânia já está se preparando para o período pós-guerra, assinando acordos com empresas como Airbnb e TripAdvisor. “A guerra chamou a atenção para a Ucrânia, criando uma marca mais forte. Todos conhecem nosso país agora”, afirma Oleskiv.

Conclusão

O fenômeno do turismo de guerra na Ucrânia é uma realidade complexa, que mescla curiosidade, busca por adrenalina e questões éticas profundas. Enquanto o país continua a enfrentar os desafios do conflito, o setor turístico tenta se adaptar e encontrar um novo caminho em meio ao caos.

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