Fuga Inédita
Em fevereiro deste ano, Deibson Nascimento e Rogério Mendonça, membros do Comando Vermelho, protagonizaram a primeira fuga da história do sistema prisional federal brasileiro, que está em operação desde 2006. Ambos escaparam da Penitenciária Federal de Mossoró, localizada no Rio Grande do Norte, no dia 14 de fevereiro, uma data marcada como Quarta-Feira de Cinzas. Os detentos, originalmente do Acre, haviam sido transferidos para a unidade em setembro de 2023.
Plano de Fuga
Para executar a fuga, os detentos abriram uma passagem escondida atrás de uma luminária da penitenciária e cortaram duas cercas de arame. As investigações apontam que eles utilizaram ferramentas de uma obra em andamento na penitenciária. Após a fuga, as autoridades locais e federais formaram uma força-tarefa composta por agentes da Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, Polícia Civil e Polícia Militar do estado, com o objetivo de capturá-los.
Recaptura no Pará
Após 50 dias de fuga, a dupla foi recapturada no estado do Pará. Durante esse período, Rogério e Deibson invadiram casas e mantiveram uma família refém, em uma série de eventos que envolveram a colaboração de uma facção criminosa. Investigações revelaram que a facção teria pago R$ 5 mil ao proprietário de uma fazenda que auxiliou na fuga. Os fugitivos conseguiram deixar o Rio Grande do Norte e, em 18 de março, usaram um barco pesqueiro para viajar de Icapuí, no Ceará, até a Ilha de Mosqueiro, em Belém do Pará. A viagem pela costa brasileira durou seis dias, e eles chegaram a Belém em 24 de março. Finalmente, no dia 4 de abril, foram recapturados por policiais rodoviários federais em Marabá, no Pará.
Transferência para Catanduvas
Após a recaptura, Deibson Nascimento e Rogério Mendonça foram transferidos em outubro para a Penitenciária de Catanduvas, no Paraná. A transferência ocorreu de forma sigilosa, utilizando um avião da Polícia Federal que decolou do Aeroporto de Aracati, no Ceará, a aproximadamente 90 km de Mossoró. O advogado da dupla em Mossoró, Mário Aquino, confirmou que só foi informado sobre a transferência após sua realização.
Reforço na Segurança
A fuga gerou mudanças significativas na Penitenciária Federal de Mossoró, incluindo um reforço na segurança e a troca de diretores. Em julho, Roderick Ordakowski foi nomeado como o novo diretor da unidade, substituindo Carlos Luís Vieira Pires, que havia assumido interinamente após a fuga. O diretor anterior, Humberto Gleydson Fontinele Alencar, foi afastado logo após o incidente e dispensado do cargo em abril.
Impacto no Sistema Prisional
A fuga de Deibson e Rogério destacou a necessidade de revisão e fortalecimento das medidas de segurança no sistema prisional federal brasileiro. Além da Penitenciária de Mossoró, o sistema inclui as penitenciárias de Brasília (DF), Catanduvas (PR), Campo Grande (MS) e Porto Velho (RO). A ocorrência serviu como um alerta para as autoridades, que buscam evitar futuras falhas de segurança e garantir a integridade das instalações prisionais. A recaptura dos fugitivos foi um marco na cooperação entre diferentes forças policiais e demonstrou a eficácia de operações conjuntas em casos de alta complexidade.