Inspeção na Fazendinha
Uma inspeção conjunta, envolvendo diversos órgãos, foi realizada na tarde desta terça-feira (3) no Espaço Terapêutico Fazendinha, localizado na Chácara dos Poderes, em Campo Grande. A ação ocorreu após uma denúncia anônima de cárcere privado e maus-tratos. Durante a vistoria, os servidores conversaram com os internos, mas, inicialmente, nenhuma irregularidade foi encontrada.
Internos Expressam Desejo
Durante a inspeção, 30 dos 120 internos expressaram o desejo de deixar a comunidade. Consequentemente, alguns familiares compareceram ao local para levar seus parentes de volta para casa. A procuradora regional dos direitos do cidadão, Samara Yasser Yassine Dallou, explicou que a operação não foi desencadeada apenas pelas denúncias de maus-tratos, mas fazia parte de uma fiscalização de rotina.
Fiscalização de Rotina
“Qualquer instituição que ofereça serviços de acolhimento, seja pública ou privada, está sujeita à fiscalização”, afirmou a procuradora. A ação foi uma iniciativa conjunta de vários órgãos, incluindo a Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão, o Ministério Público Federal (MPF), a Polícia Civil, o Conselho Regional de Farmácia, a Defensoria Pública e a Assistência Social, com o objetivo de averiguar as condições do local e garantir a proteção dos internos.
Análise das Denúncias
A procuradora explicou que a apuração completa das denúncias pode levar até uma semana. “Estamos em processo de análise das informações. Após isso, divulgaremos um relatório com as conclusões. O foco da operação é garantir que as pessoas internadas estejam em condições adequadas de tratamento”, destacou.
Defesa da Comunidade
A proprietária do Espaço Terapêutico Fazendinha, que preferiu não ser identificada, afirmou que a comunidade está em funcionamento há pouco mais de um ano e que o acolhimento é feito de maneira voluntária. Ela defendeu a integridade do trabalho realizado e negou as acusações de maus-tratos, afirmando que a instituição oferece atividades como cinema, campo de futebol e piscina, além de toda a assistência necessária aos internos.
Opinião dos Familiares
A mãe de um dos internos, que preferiu não ser identificada, relatou que seu filho está na comunidade há três meses e se sente bem acolhido. Ela criticou a forma como as autoridades trataram a situação, questionando se era apropriado perguntar aos internos se queriam sair. “Meu filho está em tratamento e não sabe o que é melhor para ele nesse estado”, afirmou.
Perspectiva do Psicólogo
Roberto Chaparro, psicólogo da comunidade terapêutica, mencionou que muitos internos enfrentam um “conflito interno” entre querer sair e reconhecer os benefícios de permanecer em tratamento. Ele também criticou a abordagem da operação, acreditando que pode ter influenciado a decisão de alguns internos de deixar o local.
Decisão de Internação
A decisão de internar seu filho na comunidade foi motivada pela dificuldade em lidar com a dependência química, conforme relatado por uma mãe. “Ele tem 37 anos e, após um tratamento em São Paulo, voltou para a rua. Eu não consegui mais cuidar dele, por isso o trouxe para cá”, explicou. Ela destacou que nunca teve dificuldades no contato com a administração da comunidade.
Preocupações Futuras
Embora contra a saída de seu filho da instituição, após o burburinho gerado pela operação, ela afirmou: “Aqui ele estava bem, e agora, com tudo o que aconteceu, fiquei insegura. Mas, se a justiça achar que ele tem que sair, vou levá-lo para casa. Eu só quero que ele se trate”, enfatizando sua preocupação com o futuro do filho, caso ele deixe o local sem a devida preparação.
Conclusão da Procuradora
A procuradora Samara destacou que, mesmo com a saída de alguns internos, o Espaço Terapêutico Fazendinha continua em funcionamento. “Nos próximos dias, teremos um panorama mais claro sobre a situação, e cada órgão, dentro de sua competência, tomará as medidas que julgar necessárias”, concluiu.