Investigação da PF
A Polícia Federal (PF) do Brasil desvendou uma conspiração envolvendo militares de alta patente, que planejavam um golpe de Estado após o segundo turno das eleições de 2022. A trama incluía o assassinato do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, do vice-presidente, Geraldo Alckmin, e do ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes.
Áudios Inéditos
Em uma investigação meticulosa, a PF obteve 55 áudios que revelam discussões entre militares sobre os preparativos para o golpe. A TV Globo teve acesso exclusivo a esses registros, que mostram a profundidade das intenções golpistas. As conversas evidenciam a articulação e o desespero dos envolvidos, que acreditavam estar em guerra e que seus adversários estavam vencendo.
Articulador do Plano
O general da reserva Mario Fernandes, ex-número 2 da Secretaria-Geral da Presidência, foi apontado como o principal articulador do plano. Em um dos áudios, o coronel Reginaldo Vieira de Abreu expressa sua revolta com a situação política do país, justificando a necessidade de um golpe de Estado e afirmando que “quatro linhas da constituição é o c*”.
Discussão de Guerra Civil
Outro personagem chave, o general-de-brigada da reserva Roberto Criscuoli, discute abertamente a possibilidade de uma guerra civil com Mário Fernandes. Criscuoli argumenta que, caso não tomem uma atitude imediata, as consequências futuras seriam devastadoras, destacando o apoio popular como um elemento crucial para a ação.
Clamor Popular
A investigação também revela que os acampamentos em frente aos quartéis no final de 2022 eram parte de um movimento orquestrado, com Mário Fernandes se comunicando frequentemente com esses grupos. Ele acreditava que o clamor popular poderia ser uma ferramenta poderosa, comparando a situação ao golpe militar de 1964.
Ações da Polícia Federal
Em mensagens de voz, Mário Fernandes expressa preocupação com as ações da PF nos acampamentos golpistas e sugere que o Ministério da Justiça interfira para “segurar” a polícia. As mensagens indicam uma tentativa de proteger os manifestantes e evitar prisões em áreas militares.
Conversa com Bolsonaro
O tenente-coronel Mauro Cid relata uma conversa com o então presidente Jair Bolsonaro sobre o golpe, destacando a personalidade hesitante de Bolsonaro e a necessidade de agir antes do dia 12 de dezembro. Essa data foi marcada por tumultos em Brasília, com manifestantes tentando invadir a sede da PF.
Divisão Militar
Em conversas com Mário Fernandes, o coronel reformado Reginaldo Vieira de Abreu revela uma divisão entre os generais sobre a adesão ao golpe. Essa divisão representa um ponto crítico na trama, mostrando a complexidade e as divergências internas entre as forças armadas.
Estratégia de Liderança
Mário Fernandes também sugeriu mudanças na liderança do Ministério da Defesa, propondo a substituição do general Paulo Sérgio Nogueira por Braga Netto. Este último, vice na chapa derrotada de Bolsonaro, é identificado como um dos principais arquitetos do golpe planejado.
Conclusão da Investigação
A investigação da PF culminou no indiciamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e de outras 36 pessoas por crimes relacionados à tentativa de golpe de Estado, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e organização criminosa. Esse caso ressalta a fragilidade da democracia e a necessidade de vigilância constante para proteger as instituições brasileiras.