Histórico da Catedral
A Catedral de Notre-Dame de Paris, icônica estrutura gótica, renasce das cinzas cinco anos após o devastador incêndio de 2019. Este monumento, testemunha de 850 anos de história, foi meticulosamente restaurado, trazendo de volta sua glória arquitetônica e espiritual. A reabertura, marcada para este sábado, 7 de dezembro, será um evento de destaque com a presença de líderes mundiais, ressaltando a importância cultural e histórica da catedral.
Técnicas Medievais
O processo de restauração da Notre-Dame envolveu o uso de técnicas e ferramentas medievais, um verdadeiro tributo aos artesãos do século XIII. A estrutura de vigas de carvalho, conhecida como “floresta” devido à sua densidade e complexidade, foi reconstruída utilizando machados medievais especialmente recriados pela Maison Luquet, um ferreiro tradicional do leste da França. Esta abordagem autêntica, liderada por Philippe Villeneuve, arquiteto-chefe dos monumentos históricos da França, garantiu a fidelidade histórica da obra.
Desafios da Reconstrução
A restauração enfrentou o desafio de encontrar e utilizar 1.200 carvalhos de qualidade específica, necessários para recriar a estrutura do telhado. A madeira, proveniente de florestas sustentáveis, variava entre 80 e 150 anos de idade. O processo de montagem das vigas, sem o uso de pregos ou parafusos, destacou a habilidade artesanal envolvida. Jean-Louis Bidet, da Ateliers Perrault, comentou sobre a complexidade de replicar as técnicas ancestrais, enfatizando o orgulho e a dedicação dos trabalhadores envolvidos.
Recriação da Flecha
Outro marco da restauração foi a reconstrução da “flecha”, uma estrutura de 96 metros que desabou durante o incêndio. Esta obra complexa, que exigiu um andaime de 250 toneladas, foi fielmente recriada, abrigando no topo um galo de cobre dourado, símbolo de proteção e espiritualidade. A decisão de manter o design original, datado de 1857, apesar de sugestões para inovações modernas, ilustra o compromisso com a preservação histórica.
Restauro Interno
O interior da Notre-Dame, agora mais luminoso e vibrante, passou por um processo de limpeza e restauração sem precedentes desde 1864. As pedras, esculturas, pinturas e vitrais foram meticulosamente restaurados, trazendo nova vida ao espaço sagrado. O órgão principal, composto por oito mil tubos, foi desmontado, limpo e afinado, após sofrer danos da poeira de chumbo do incêndio. Os sinos, cada um com nome próprio, também passaram por um cuidadoso restauro.
Financiamento e Descobertas
A restauração foi viabilizada por doações que totalizaram 840 milhões de euros, com uma reserva de 140 milhões de euros destinados a futuras obras externas. Durante o processo, descobertas arqueológicas de vestígios romanos e medievais enriqueceram ainda mais a narrativa histórica da catedral. A restauração dos vitrais revelou detalhes e cores perdidas sob décadas de sujeira e fuligem, encantando os visitantes com sua beleza renovada.
Cerimônia de Reabertura
A cerimônia de reabertura contará com a presença de cerca de 50 chefes de Estado e governo. Embora o Papa não participe, ele está programado para visitar a França na próxima semana. No domingo, dia 8, a missa inaugural do novo altar será realizada, com a participação do presidente Emmanuel Macron. A missa aberta ao público à tarde será um marco na celebração da ressurreição deste patrimônio mundial, simbolizando esperança e renovação.